quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Em uma rua deserta

O dia foi longo, no escritório o trabalho se acumula em cima da mesa, preciso resolvê-los logo, estou entediando, apreensivo. Preciso relaxar!

Na rua o calor toma conta do cotidiano, 40º, e o que parecia não ter fim chegou, vou para casa. Acho que a solidão do sótão abafado e com apenas uma janela virada para a parede do vizinho em meu apartamento de sala, quarto e banheiro alugado, não seria boa companhia para essa noite quente de verão.

Sigo para o Midnight Bar, antigo reduto dos “Selvagens”, velhos babões em cima de suas motos, bebendo e discutindo o que há de mais antiquado no mundo das duas rodas.

A escuridão da noite toma formas, criando desenhos dentre os quais prefiro não lembrar. A lua, que já deveria ter mostrado seu lado mais claro, parece não querer compartilhar a sensação de estar só.

Que barulho foi esse? Um gato, não! - Sim, um gato que mais parece ter saído das trevas, negro e com olhos tão brilhantes que não precisaria da lua para iluminar aquela rua escura.

De repente uma dessas formas me chama a atenção me agradando bastante, uma jovem com seus 20 e poucos anos, cabelos longos e rubros usando um vestido vermelho com botas e luvas da mesma cor, vem surgindo cambaleando em minha direção, quando ao me avistar deixa um sorriso quase sádico sair e romper o silêncio perturbador daquela noite. Não me sinto mais tão confiante.

Por um breve momento pude sentir que aquele não seria um encontro por acaso, fico ainda mais arrepiado, sua voz novamente cortou o silêncio da noite ao perguntar o que diabos eu fazia ali.

Nesse momento, tempos passados de uma época sombria em minha vida voltaram para terminar de me assombrar. Por um instante perdi aquela mulher da minha vista, onde ela está?

Um sussurro no ouvido estremece minhas pernas e arrepia minha nuca, é ela novamente quebrando o silêncio com sua voz rouca e embebida no que me parecia ser um uísque de baixa qualidade.

Somente um suspiro separava sua boca da minha, mas minha alma esta distante imaginando o que poderia acontecer: sexo, drogas, sadô-masoquismo. Acho que não estava preparado para isso, gostava do tradicional.

- Oi – Disse ela ainda mais perto de mim.
- Ooooi...grrrrr...OI!! – Respondi entre uma leve gagueira e uma voz que mais parecia de um bruta-montes a beira da caça.
- O que faz a essa hora nessa rua deserta? – pergunta ela com o olhar curioso de quem não importava o que realmente estava fazendo ali, e sim que poderia acontecer depois.
- Não sei, estava indo ao Midnight, e você, o que esta fazendo por aqui?
- Buscando aventura – disse ela franzindo a sobrancelha, deixando sair um leve sorriso.

Nesse momento, o que me parecia uma idéia absurda fora substituída por um gesto repentino, nossos lábios se tocaram em um longo momento que parecia não ter intenção de acabar, entrelaçados em um beijo molhado, sua língua envolvia a minha e nossos corpos colados se contorciam dançando junto as sombras daquela rua, lembrando antigos rituais pagãos.

- Me solta, me solta, por favor, não estou agüentando mais - gritou aquela vóz estridente num último suspiro.

Em um piscar de olhos estávamos caídos ao chão, seu corpo ainda colado ao meu não tinha mais o fervor que senti quando nos entrelaçamos, nem seu beijo tinha mais o ardor de sua paixão. Sua pele pálida estava quase cinza, diferente da cor avermelhada do sangue que se esvaia do buraco feito em seu peito pelo meu brinquedo favorito, uma machadinha de acampamento que roubei no verão de 94, naquele ano eu a uzei quatro vezes. Ela havia sido golpeada uma única vez, seco, certeiro, tradicional. Ela havia partido!

Uma sombra negra pairava sobre meu ombro, uma marca negra manchava meu nome, não posso esquecer quem sou nem quem esta ao meu lado

Naquela noite estava orgulhoso, o trabalho estava feito, volto à rua deserta deixando seu corpo frio sem vida e sigo meu caminho buscando uma nova alma à ser purificada. O MAL CAMINHA!

Um conto de terror em homenagem ao dia das bruxas por Roney Costa
Music by Ac Dc (Evil Walk) do Lp de 1981 - For Those About To Rock (we salute you).

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Happy Halloween









Amigos

Para desespero de alguns, dia 31 é o dia das bruxas. Digo desespero de uns, por que tem gente que não gosta dessa data por estar fora de nossa cultura, mas essas mesmas pessoas não se importam quando comem no Mcdonalds, nem tâo pouco em comprar um carro importado ou cantar aquele som legal da bandinha de Nova Yorque.

A origem dessa tradição passa desde a celebração celta chamada Samhain, que tinha como objetivo dar culto aos mortos, até sua ramificação em 840 com o intenção de cultuar todos os santos, data comemorativa em 1º de Novembro com celebrração vespertina (31 de Outubro).

O importante da história é que muitos sabem comemorar essa data, que na verdade vem sempre com muito bom humor em festas à fantasia.

É isso ai, a meia noite de 30 para 31 estaremos encerrando nosso trato em produzir um conto de terror inspirado em uma música.

Como os concorrentes são de grande qualidade no contexto, podemos aguardar um ótimo momento de descontração e boa leitura.

Sds